quarta-feira, 26 de junho de 2013

A força de um beijo

A gente tende a estranhar o cheiro
Mas quando não ocorre
É como se o outro fosse extensão nossa
A carne trêmula
Trepida as costelas
O ápice do desejo culmina no beijo
Há tanto ansiado
O filme que passa
Reflete toda a angústia da espera
Dia após dia remoendo
As oportunidades desperdiçadas
A força na ponta dos dedos
Faz-se pressão no toque
O fim de um tormento
Desatento ao desfecho
Mas satisfeito por inteiro
De corpo e alma
Enfim o enlace desfeito
Interrompe-se o ato
Mas o peito não cessa
Os olhos não piscam
Mas a hora acelera
E o segundo seguinte
É o que Desperta
E há de se cogitar hipóteses
E lamentar o que não foi dito
O típico leite derramado não volta
Assim como o que não foi feito
Beijo bom é o que rouba o sono
Os pensamentos
O que te tortura horas a fio
É o que Desespera
A memória vil e cruel
Nos amedronta e extasia
Queria ter em meus pensamentos
Só agora
Só enquanto não durmo
Seus sonhos construidos
Feito parede de concreto
Estáveis
Como uma casa com portas e janelas abertas
Onde só eu pudesse entrar
E ali a beijaria tantas vezes
Como fiz imaginar
Assim que depois de um único toque
Dos seus lábios com os meus
Assim que depois da perfeição do encaixe
Onde com Sua sabedoria, Deus
Delineou tão bela boca em harmonia com a minha
E tão sublime imagem registrei
Assim tantas vezes mais eu farei

[Wandy Oliveira]

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