quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Mais Um Refúgio

Vou me desfazendo dos versos
Destrinchando os pensamentos
Vasculhando a memória
Em busca de provas
Sou testemunha única
De minha desprovida vontade
No desejo de te esquecer
Não diluo meus segredos
Em qualquer ouvido saliente
Nem distraio minha língua
A ponto de expôr minha fragilidade
Mas em uma simples canção
Me entrego sem notar
Quando dou ênfase a saudade entoada
Ou quando no verso triste
Desisto de cantar

Por que sua ausência ainda dói?
Por que ainda sinto sua falta?
Me mata sermos tão mínimos
Em um mundo tão imenso
Sermos tantos!
Tão ingrato destino
Não cruza sequer uma vez
O meu caminho com o seu

Queria não te encontrar
Ou te encontrar sem querer
Só pra nos seus olhos ver
A alegria refletida
Disfarçada em gestos falsos
Na mecânica disforme
Que meu orgulho idiota
Tentaria camuflar
Ou quem sabe
Com um pouco de sorte
Num impulso impensado
Ter seu sorriso sincero
Estampado em um abraço
Desses que parecem nos estragular!?

Vou mais uma vez voltar no tempo
Me fazer sonhar
Do jeito que era bom
QUando a gente se beijava lento
Ou quando deitados sem pretensão
Nos desfazíamos nota
E naturalmente éramos canção

Na contramão do que é real
Nem todo sonho é bom
Busco refúgio no imagiário
Ignoro por completo a razão

Quanto mais me escondo
Tanto mais desespero
A verdade que me resume:
"O que não devo, mais venero"

[Wandy Oliveira]

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